Onde eu possa plantar meus amigos, meus discos e livros e nada mais.*

Waidd Francis de Oliveira
Psicanalista, Professor da FDCL e membro da ACLCL

A pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, do Instituto Pró-livro – fomento à leitura e acesso ao livro, em sua 5ª edição, publicada em 11 de setembro de 2020, retrata o perfil do leitor no Brasil. O objetivo da pesquisa, realizada a cada quatro anos desde 2007, é oferecer um amplo diagnóstico da realidade da leitura no Brasil e subsidiar políticas públicas e ações voltadas ao fomento da leitura e acesso ao livro.

Dentro dos objetivos da pesquisa, incluindo intensidade, forma, limitações, motivação e representações, a última edição trouxe informações sobre os hábitos dos brasileiros especificamente em relação à Literatura. Foram realizadas 8.076 entrevistas em 208 municípios de todo o país, entre outubro de 2019 a janeiro de 2020.

Considera-se leitor quem leu, total ou parcialmente, pelo menos 1 livro nos últimos 3 meses. Motivos para o interesse na literatura incluem indicação da escola ou de professores, filmes baseados em livros e influência de amigos.

Os resultados revelam que quase 50% dos brasileiros não se consideram leitores. A preferência pelo livro em papel é notável, com 70% dos leitores optando pelo suporte físico. Entre 2015 e 2020, não houve aumento no número de livros lidos, especialmente de livros de literatura escolhidos por vontade própria e livros didáticos.

A falta de tempo é um motivo comum para a ausência de leitura, com mais de 50% do tempo livre dedicado a atividades como TV, internet e WhatsApp. Apesar de professores e escolas serem citados como fontes de indicação, apenas 7% do tempo livre é dedicado à leitura. Entre os livros mais citados na pesquisa estão a Bíblia e obras infantojuvenis.

Em resumo, apesar do vasto acervo disponível no Brasil, há uma subutilização, ressaltando a necessidade de enfrentar desafios como a formação do leitor na escola, investimento em profissionais de ensino, presença de bibliotecas e combate ao analfabetismo funcional.

A Sociedade Literária de Queluz completa o seu terceiro ano de atividade. Nascida de uma ideia e da vontade de pessoas que gostam de ler e compartilhar as interpretações de cada leitura.

Com o apoio da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete – ACLCL e da Secretaria Municipal de Cultura de Conselheiro Lafaiete, os membros da Sociedade alcançam o terceiro ano de existência, sendo lidos até o momento 24 obras, divididos entre livros estrangeiros, nacionais e locais, prestigiando, desta forma, os escritores de nossa terra. 

Ler é uma ação que desperta diferentes reações e sentimentos.  A leitura apresenta-nos pessoas e suas vivências, lugares e suas características, sentimentos e suas particularidades. A empatia com personagens e situações narradas, muitas vezes, desafia-nos e, em outras,  ensina-nos.  Mesmo aqueles que não possuem o hábito de ler não conseguem permanecer despercebidos diante das constantes abordagens sobre os motivos de não exercerem essa atividade tão prazerosa e ao mesmo tempo instrutiva.

Segundo o autor da obra “Torto Arado”, Itamar Vieira Júnior, em recente participação na Feira Literária de Paraty – FLIP, questionou o mito de que a escrita seria um exercício solitário. Segundo ele, no ato de escrever sempre pensamos naqueles que estão à nossa volta e na capacidade de trazer isso para a narrativa. Da mesma forma é assim também para o leitor. A oportunidade de se obter a mesma interpretação com outros leitores, e até mesmo quando isso não acontece, e há divergências na interpretação ou diferentes percepções diante de um personagem, há um ganho essencial nessa diferença.

Projetos como o “Leituralizando”, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Educação de Conselheiro Lafaiete, são fundamentais para despertar o interesse pela leitura e formar novos leitores.

Oxalá iniciativas como essa e tantas outras realizadas pelas instituições de ensino, possam ser desenvolvidas  para  atrair e despertar cada vez mais o público leitor.

*Casa no Campo – Tavito e Zé Rodrix