
Em livro de memórias Acad. Elaine Matozinhos preserva a história da ADEPOL-MG
Acad. Moises Mota, presidente da ACLCL

O livro “Memórias da ADEPOL-MG”, da Acad. Fundadora Dra. Elaine Matozinhos, é uma obra que transcende o mero registro histórico ao se posicionar como um verdadeiro documento de resgate da trajetória dos Delegados de Polícia de Minas Gerais. Com um olhar minucioso e uma escrita clara e acessível, a autora constrói um panorama detalhado das lutas, conquistas e desafios enfrentados por esses profissionais ao longo das décadas.
O cargo de Delegado de Polícia tem suas origens no Brasil imperial, sendo formalmente instituído pelo Regulamento Imperial nº 120, de 31 de janeiro de 1842. Em Minas Gerais, a organização da carreira policial teve um marco importante com a Lei nº 30 de 16 de julho de 1892, que estabeleceu os primeiros contornos estruturais da Polícia Civil no estado. Ao longo do tempo, o papel do Delegado evoluiu de uma função essencialmente administrativa para uma posição de autoridade jurídica fundamental na persecução penal.
A narrativa da Confreira Elaine Matozinhos reforça esse percurso histórico ao destacar como a Associação dos Delegados de Polícia de Minas Gerais (ADEPOL-MG) emergiu como um bastião de luta pela valorização da categoria. Desde sua fundação, em 1958, a ADEPOL-MG esteve envolvida em embates políticos, reformas legislativas e no fortalecimento da estrutura da Polícia Civil mineira.

A autora se debruça sobre eventos históricos relevantes, como a criação da Secretaria de Estado da Segurança Pública em 1956 e a progressiva institucionalização da carreira policial, com a exigência do bacharelado em Direito e ingresso por concurso público. Também é ressaltada a crescente participação feminina na instituição, um tema que encontra eco na própria biografia da autora, que se destacou como Delegada-Geral de Polícia e figura de referência no meio.
Do ponto de vista literário, a obra se apresenta como uma memória institucional, mas sem perder a dimensão humana. O tom não é apenas documental; há passagens carregadas de emoção e reconhecimento aos pioneiros que pavimentaram o caminho da ADEPOL-MG. A autora faz uso de fontes primárias, como atas, leis, registros fotográficos e entrevistas, conferindo à obra um valor histórico inestimável.

No entanto, “Memórias da ADEPOL-MG” não se propõe a um olhar crítico mais aprofundado sobre os desafios contemporâneos da instituição, como a relação entre a Polícia Civil e o Ministério Público, as questões de infraestrutura e a necessária modernização dos métodos investigativos. Ainda assim, a obra cumpre com brilhantismo sua proposta de documentar e celebrar a história da ADEPOL-MG, sendo leitura essencial para estudiosos da segurança pública e para aqueles que desejam compreender a relevância dos Delegados de Polícia na sociedade brasileira.
Leia o livro completo aqui.
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