Discurso proferido pela Srta. Carolina de Assis Barros, diretora de administração do Banco Central do Brasil, ao receber o diploma da Ordem dos Construtores do Progresso 2019

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Boa noite a todos os presentes nesta Cerimônia.

Boa noite, senhoras acadêmicas e senhores acadêmicos.

Um boa noite especial ao acadêmico Sr. Moises Mota, que gentilmente me convidou a estar entre vocês nesta noite. 

É com muita honra e com muita gratidão que me apresento à frente deste Sodalício. E ao fazer uso da palavra, gostaria primeiramente de reverenciar esta Academia, recitando seu hino.

Ó glorioso Centro do Saber
Que arrebanha os mais nobres poetas,
Literatos, cientistas e estetas,
Todos têm na cultura seu prazer.

No aniversário desta Lafaiete,
Inauguramos nossa Academia
Que para todos o refrão repete:
Nós somos da Cultura a força e o guia!

É um sodalício de muito valor
Forte expressão da arte e do primor
Que vem levar o nome da cidade,
Às glórias do infinito, sem vaidade.

São cem cadeiras, imortalizando
Os grandes vultos que teve a cidade
Suas ideias, obras e comando
Deixaram-nos lições de fé e bondade.

Este hino bem concebe o espirito da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete. Uma agremiação corajosa e entusiasta que desde 1993 cumpre oficialmente uma nobre tradição, a de levar adiante nossas letras, ciências e artes. Nossa cultura local.

Um ano após sua fundação, a Academia, imbuída do mesmo espirito sensível que moveu sua organização, instituiu o Diploma da Ordem dos Construtores do Progresso de Conselheiro Lafaiete, coroando assim um ciclo. Não há tradição e não há cultura sem pessoas.

Naquele mesmo ano, 1994, eu terminava o ensino médio. Fora meu último ano de residência permanente na cidade. O exercício de fechar os olhos e imaginar o que se abriria à minha frente em termos profissionais era muito recorrente. Eu era uma jovem prestes a entrar para a faculdade.

Ao longo desses 25 anos, pouco mais de 200 personalidades e algumas entidades foram agraciadas com o Diploma da Ordem dos Construtores do Progresso. Dentre eles, gostaria de citar alguns, pois em alguma medida tangenciam ou tangenciaram minha existência. São eles: o Colégio Nossa Senhora de Nazaré, o pediatra Dr. Jose Alonso da Silva, o saudoso padre José Arnauld e o cardeal Dom Raymundo de Assis Damasceno. Devo confessar que no meu melhor exercício de fechar os olhos e tentar costurar o futuro em pensamento pelos idos de 1994, minha ansiedade jamais seria capaz de me transportar para cá, neste momento presente. Muito me honra nesta noite receber o Diploma e tornar-me parte deste seleto galardão.

Olavo Bilac em seu poema “A Pátria”, profere: “ama com fé e orgulho a terra em que nasceste! Imita na grandeza a terra em que nasceste!” Não importa por onde eu caminhe, a terra em que nasci sempre estará comigo. Há literalmente um pouco da poeira deste solo em mim. Podemos carinhosamente apelidar esta poeira de “origem”. Ao falar dela, não me refiro apenas ao pó dos casarios e da linha do trem. Não falo apenas do curso do rio Bananeiras. Falo de todas as memórias, relíquias e laços que guardo daqui. Falo das escolas que frequentei, das ruas em que andei, das casas em que residi, das brincadeiras na rua, dos amigos que fiz e, de forma muito especial de minha família, base e reflexo do que me tornei.

É muito importante termos compreensão da história de nossos antepassados e de como eles contribuíram para que chegássemos ao ponto em que nos encontramos hoje. Conhecer nossas origens nos dá a oportunidade única de construir solidamente nossa identidade. Ora, quem tem identidade não se perde jamais em meio à multidão. 

Esta poeira lafaietense esteve incondicionalmente comigo no período que que cursei a faculdade em Belo Horizonte, durante o mestrado no norte da Inglaterra e me acompanha nestes dezoito anos de residência em Brasília.

Acredito que família e educação são dois fatores que forjam de forma decisiva o caráter dos indivíduos. A família (ou origem) são raízes que nos mantem de pé mesmo em momentos de profunda adversidade. Já a educação (ou formação), processo que nunca se encerra, traz conhecimento, método, disciplina, nos ajuda a compreender diferenças, fazer escolhas e desenvolver habilidades para desempenhar funções na sociedade.  Experimentemos mudar nosso País mexendo de forma consistente nesses dois pilares. A mudança que tanto sonhamos será inevitável.

Acredito que por representar nossa Cidade, fui agraciada com este nobre Diploma. Novamente, gostaria de externar minha honra e gratidão a cada uma das senhoras e dos senhores acadêmicos.

Ao mesmo tempo, peço licença a todos vocês para dedicar este Diploma aos meus pais, também lafaietenses, pois foram eles quem me deram origem e formação. Minha profunda gratidão pelo amor e carinho que me devotaram, pelos esforços desmedidos por minha educação, e pelos valores que me transmitiram.

Ao tomar uso da palavra nesta noite de alegria e de retorno às origens, iniciei recitando o hino desta Academia. Aproximo-me do encerramento e, para tanto, gostaria de fazer uso de uma poesia de Cora Coralina. Um poema singelo que contempla de uma só vez os três tempos: o passado, onde as experiências foram adquiridas, o presente, onde podemos declarar com orgulho o que somos, e o futuro, onde está tudo aquilo que ainda desejamos nos tornar ou vivenciar.

Cora, a autora goiana, que começou a publicar seus versos aos 76 anos de idade enfatiza de forma simples a necessidade de ser resiliente, de perseverar, de tentar outra vez. É com esta mensagem que me despeço de vocês.

“Ofertas de Aninha (Aos Moços)”

Eu sou aquela mulher
a quem o tempo
muito ensinou./
Ensinou a amar a vida./
Não desistir da luta./
Recomeçar na derrota./
Renunciar a palavras e pensamentos negativos./
Acreditar nos valores humanos./
Ser otimista./

Creio numa força imanente
que vai ligando a família humana
numa corrente luminosa
de fraternidade universal./
Creio na solidariedade humana./
Creio na superação dos erros
e angústias do presente./
Acredito nos moços./
Exalto sua confiança,
generosidade e idealismo./

Creio nos milagres da ciência
e na descoberta de uma profilaxia
futura dos erros e violências
do presente./
Aprendi que mais vale lutar
do que recolher dinheiro fácil.
Antes acreditar do que duvidar.

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