Experimento de alfabetização geológica em Conselheiro Lafaiete

Acadêmico Edézio Teixeira de Carvalho*

Tive oportunidade de participar do que é provavelmente o mais importante experimento de minha carreira profissional. Permitiu-me ele desenvolver técnicas que aplicava simultaneamente em outras cidades de Minas Gerais. Introduzo imagens do caso em tela que facilitem o acompanhamento.

Apesar de intervenções coroadas de êxito, foi necessário considerar o seguinte: Como se vê na placa da Foto 4 foi necessário abrir mão de exigência técnica do preenchimento ideal a montante com resíduos inertes, além da contenção frontal, e isto devemos aos combativos membros da ARPA. A concessão ao incompleto, que, em princípio, a Lei impediria, deve-se ao lúcido Ministério Público da cidade, que gerou resultado extraordinário. Com efeito, se num dos muitos diques de contenção, em apenas três anos, a obra impediu perda estimativa de 100 m3 de solo, resta evidente justificar-se o Método Geológico, capaz de resolver dois problemas territoriais: impedir a perda de solo, como se conseguiu pela contenção de jusante, mas também colocar  bota-fora de escavação, ou material equivalente, poroso, contendo de vez a erosão e recuperando toda a capacidade de armazenamento perdida no passado.

Ah! Existe alguém pensando que o solo perdido na erosão é renovável, dispensando, portanto, o tratamento proposto? É fácil para quem conheça e assuma a leitura geológica básica: Vá a uma voçoroca de 200 anos e tente cavar no fundo dela 1 metro em solo reconhecidamente novo. Verá que terá de aguardar (forma de expressão) 1 milhão de anos para encontrar 1 metro de solo realmente novo! A verdadeira ciência nem sempre exige investigação sofisticada para descobrir a verdade. No caso, com exceções raríssimas, o solo perdido na erosão é não renovável e se a humanidade não quer morrer de fome, deve buscar de volta o solo erodido que se encontre, mensurável em bilhões de toneladas sob a forma de assoreamento, verdadeira jazida aguardando o bom minerador, e não se diga que não terá propriedades edafológicas adequadas, porque sua primeira e decisiva função é capturar e armazenar as águas pluviais (tudo isso, lembre-se o leitor, sem considerar o que de bom o desassoreamento fará aos leitos dos rios, aos reservatórios de hidrelétricas e de abastecimento de água, às pampulhas hoje assoreadas, à reprodução dos peixes e à circulação dos navios nos portos como em Santos e no Rio Grande). Recomendo, portanto, a estudantes (Geologia, Engenharias de Minas, Ambiental, Civil, Geografia Física, Biologia), assim como a professores, que descubram e recuperem essa gigantesca riqueza mineral que tanta falta nos faz.

Tenho certeza de que os membros da ARPA em Conselheiro Lafaiete poderão apresentar dados que hoje não tenho atualizados.

Belo Horizonte, 24/09/2019

*Eng.o Geólogo autor do livro “Morte e Vida São Francisco” e de “454 Geocentelhas”.  

Share this content:

Publicar comentário