Aloísio e as harmonias inesquecíveis
O mês de setembro, mais precisamente no dia 25, uma melodia reverbera por todo o Brasil. Não é apenas uma celebração. É uma homenagem à invenção que transformou a comunicação brasileira nos idos dos anos 1920. Comemora-se o Dia do Rádio e da Radiodifusão, graças a Edgard Roquette-Pinto, o pai do rádio brasileiro e uma mente brilhante da Academia Brasileira de Letras.
Em Conselheiro Lafaiete, o rádio também teve sua melodia única e sua mente igualmente brilhante. Falamos de Aloísio Nery Brandão Guimarães que faleceu neste dia 25. Ele entoava por meio das ondas do rádio um gigantesco universo cultural. Sua partida se deu justamente nesse dia simbólico, e talvez o destino quisesse lhe prestar uma última homenagem.
Seu programa, o “Rádio Relax”, inicialmente apresentado na Rádio Carijós e depois transferido para a Rádio Queluz não era apenas aguardado, mas ansiosamente esperado. Através de seu timbre quase celestial, ele apresentava as canções com a precisão de um maestro.
Mas a música não se limitava ao rádio. Ao piano, Aloísio era um show à parte. Ecos de suas apresentações ainda ressoam em lembranças e mensagens de um grupo de WhatsApp, intitulado “Maria Helena és tu”, em homenagem à sua tia.
A família Guimarães, afinal, parece ter a música em seu DNA. A tia Maria Helena Brandão, com sua batuta, fez história com o Coro Regina Coeli da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição. E o que dizer de Maria da Conceição Vieira de Almeida, Nenê Brandão, com sua regência divina em coros católicos na Capital das Alterosas?
Mas, entre todos, a sinfonia mais primorosa estava entre Aloísio e sua irmã, Marirene Heinisch, singulares. Juntos, os irmãos compartilhavam de paixões artísticas e viagens que os conectavam ainda mais. Marirene enviou-me um vídeo no fatídico dia, à noite. Era ela e Iso, como era chamado no seio familiar, cantando “Dis! Oh Dis!” de Sacha Distel. Junto a ele a mensagem “Minha filha Isabela registrou que cantei essa música hoje no cemitério, sozinha. Iso e eu cantávamos ao final de todo encontro anual de família. Agora isso acabou”. Esse registro nos remete à profundidade da relação entre eles.
Ao ouvir aquela interpretação, que combina melodia contagiante com letras afetuosas remeti ao que significa a conexão familiar. E, como Marirene mesmo disse, “é muito bom ser irmã do Aloísio”. De alguma forma, todos nós sentimos o privilégio de ter conhecido um pouco desse legado musical dos Brandão Guimarães.
O dia 25 de setembro, portanto, não é apenas uma data. É uma sinfonia que nos lembra do poder do rádio, da imortalidade da música e do amor familiar.
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