Cayo Noronha assume cadeira número 1 da ACLCL
Cayo Marcus Noronha de Almeida Fernandes, em ato solene, tomou posse na cadeira de número 1 da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafayette. Com unanimidade de votos foi eleito por suas qualidades profissionais e literárias.
O novo acadêmico é advogado criminalista, administrativista e procurador municipal, além de ser entusiasta das letras, artes, cultura e da história, especialmente da Inconfidência Mineira e da Revolução Liberal de 1842. Graduado em direito pela Faculdade de Direito de Conselheiro Lafaiete, ele possui pós-graduação em advocacia criminal pela Escola Superior de Advocacia da seccional mineira da OAB.
Além de sua carreira jurídica, Cayo é autor de “antisonetos”, inspirado em grandes escritores como Nicanor Parra, Florbela Espanca, Guerra Junqueiro, Fernando Pessoa e sua avó Avelina Noronha, renovada escritora e pesquisadora. Suas obras são publicadas no Instagram @sarautriste.
Sua poesia possui notabilidade em transmitir sentimentos profundos por meio das palavras. Em “Súplica“, é feita uma reflexão sobre o remorso e a saudade que sente pela avó Avelina falecida em fevereiro de 2020. Evidenciando a importância da presença e do afeto nos relacionamentos, os sentimentos de tristeza e arrependimento por não ter passado mais tempo com sua progenitora estão presentes e transmitem a dor e a angústia que sente.
Em “Devoção” o personagem expressa amor incondicional e comprometimento em um relacionamento. Mas é com “Sem Sentido” que Noronha de Almeida Fernandes foi premiado no concurso nacional Pena de Ouro, promovido pela Casa Brasileira de Livros. Essa poesia revela a intensidade de emoções que o personagem sente, mas que de tão profundas existe certa dificuldade em expressá-las com palavras.
A habilidade de Cayo em transmitir sentimentos tão complexos de forma tão simples e direta é uma das qualidades que o levaram a ser eleito para a Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafayette. Suas poesias mostram a habilidade literária e a sensibilidade emocional de um escritor já experiente e talentoso.
Talento de veio familiar
Cayo tem uma relação muito especial com sua avó Avelina Noronha, presidente emérita e fundadora da ACLCL. Como neto mais velho e ex-aluno, esteve próximo em diversos momentos acompanhando as histórias contadas em sala de aula, os projetos realizados e o processo de escrita. Após seu falecimento, como forma de aproximação da relação neto e avó Cayo passou a dedicar-se mais à escrita e tem na avó uma das principais fontes de inspiração.
Em seu discurso de posse, Cayo expressou claramente a importância que Avelina teve em sua vida e em sua carreira como escritor. Ele menciona o sentimento de assumir um legado muito importante, mas que também carrega uma grande responsabilidade.
A posse do novo acadêmico ocorreu no Solar do Barão de Suassuhy, sede da entidade, no dia 28 de abril. A partir de então passa a ocupar a cadeira de número 1, que tem como patrono seu bisavô, o jornalista Jair Noronha, e como fundadora e primeira ocupante a escritora e pesquisadora Avelina Maria Noronha de Almeida, sua avó materna.
Obras
SÚPLICA
Agora, só me resta a lembrança…
Dos momentos idos,
preservo a imagem do sorriso.
Só isso me basta como herança
Mas, ao recordar-me do fim,
me vem à boca, o travo e o amargor.
O que te dei em troca do amor?
Cristo, tem piedade de mim!
É dor na alma, o que sente,
quando o frio remorso acusa,
o descaso e a incúria do ausente.
Por seu colo, busco em vão.
Torturado e compungido,
em silêncio, suplico seu perdão.
DEVOÇÃO
Entrego a ti meu coração,
em constância e cumplicidade.
E não só na felicidade,
Meu amor é teu em devoção.
Juro-te fidelidade.
Deste momento em diante,
por toda a eternidade.
SEM SENTIDO*
Soa sempre vago e sem sentido,
tudo aquilo o que escrevo,
no todo, sentimento bem contido,
só e a somente sentir, me atrevo.
só no meu íntimo de lástimas,
frias letras, vestidas de luto,
escorrem em feitio de lágrimas,
se têm sentido, é segredo, absoluto!
de quem vive, ama ou sofre,
é possível traduzir angustias,
em palavras que o vento não sopre?
o poeta é inocente, por insensato.
quedo-me pois, em minha loucura,
é meu senhor, o coração, este ingrato.
*trabalho premiado no Concurso Nacional Pena de Ouro promovido pela Casa Brasileira de Livros.
Leia mais obras de Cayo Noronha no link: https://www.instagram.com/sarautriste/
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