Raízes culturais e peripécias da vida*

Waidd Francis de Oliveira
Cadeira 06
Patrona Profa. Maria Augusta Noronha

Professor da FDCL

Continuamos ainda na incerteza do dia de amanhã. Digo isto especificamente com relação aos problemas causados pelo coronavírus. Uma saída para nos desligarmos um pouco de toda essa angústia continua sendo uma boa leitura, um livro que nos proporcione a interiorização, conduza-nos a tempos outros e que possa trazer-nos um pouco de alento pela simplicidade das coisas. Tive a oportunidade de conversar, na última sexta-feira, dia 4, por meio do projeto Bate Papo Literário, promovido pela Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete (disponível no canal do You Tube da Academia), em parceria com o projeto Direito, café e literatura, com duas escritoras fabulosas: Maria Luzia Bellavinha – Naná Bellavinha e Leila Meireles. As obras que proporcionaram um excelente início de noite foram “Sob a luz do seu olhar” – editora Central Gráfica e “Raízes culturais e peripécias da vida” – editora LESMA. Sobre a primeira obra, já havia feito um artigo com o mesmo nome, publicado na Edição 1530/2020, deste semanário, no mês de junho do corrente ano. A segunda, “Raízes culturais e peripécias da vida”, a escritora Leila Meireles conduz-nos a uma viagem ao interior de Minas Gerais, este Estado que completa 300 anos de existência e que seria necessário talvez o triplo de tempo para que pudéssemos conhecer um pouco mais de sua história. Na primeira parte, Leila narra a sua infância na fazenda dos avós paternos. Nessa esteira são apresentadas situações inusitadas e bem vividas, despertando o desejo em qualquer adulto de extrair de sua própria memória momentos assim vividos ou imaginados.  A infância narrada, vivida por Leila, na primeira parte do livro, é compartilhada com tudo o que há de melhor nessa fase da vida, tão importante para o desenvolvimento do ser humano, como as amizades invisíveis, a casa da árvore, as travessuras, as pescarias e os casos, os animais domésticos, a reverência aos tios, tias e avós. Até caso de assombração encontramos em sua obra. Na segunda parte, Leila apresenta-nos uma coletânea de poesias escritas em homenagem à Senhora Maria Firmina Lana, mãe da escritora, aos tios Vicente e Zélia, ao cachorro Tatí, Caio e Milena (neto e neta). Também são lembradas viagem a Portugal e até ao universo. Poesias que trazem o sabor do encontro, mas também o desconforto da partida. E na terceira e última parte, uma bela homenagem às famílias Rodrigues Pereira e Lana. O fechamento da obra dá-se com a história da cidade de Senhora de Oliveira e ainda com um roteiro fotográfico. A obra da escritora Leila, além de sensibilizar com as narrativas é também informativa. De forma muito sutil, ao longo de sua obra, em vários momentos são apresentadas ao leitor informações como o funcionamento de uma colônia de formigas e como se dá a produção da cachaça e da rapadura. Até receita de feijão tropeiro encontramos por lá. Como mencionado no início deste texto, neste momento, muitos de nós precisamos de um alento diante das peripécias trazidas pela pandemia, peripécias diferentes daquelas narradas de forma brilhante pela escritora Leila Meireles.

“Bem na minha cama deitada,
Obervava através da janela
O céu de estrelas enfeitado.
Existe outra coisa mais bela?”

*Leila Meireles.

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