
Os livros são objetos transcendentes… Mas podemos amá-los do amor táctil *
Waidd Francis
Cadeira 06
Patrona Profa. Maria Augusta Noronha
Professor da FDCL
Ler é uma ação que desperta diferentes reações e sentimentos. A leitura apresenta-nos pessoas e suas vivências, lugares e suas características, sentimentos e suas particularidades. A empatia com personagens e situações narradas, muitas vezes, desafia-nos e, em outras, ensina-nos. Mesmo aqueles que não possuem o hábito de ler não conseguem permanecer despercebidos diante das constantes abordagens sobre os motivos de não exercerem essa atividade tão prazerosa e ao mesmo tempo instrutiva.
Cláudia Costin, diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas, chama a atenção para diversas questões ligadas a essa prática que segue atualmente ausente em nossa sociedade. Segundo Cláudia, as pessoas leem mais, mas a procura é pelas redes sociais, o que leva os interessados, na maioria das vezes, a terem um contato superficial com a informação.
O Instituto Pró Livro e o Itaú Cultural apresentaram à imprensa os resultados da 5ª edição da pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”. Um dos resultados informa que o número de leitores no Brasil nos últimos quatro anos diminuiu cerca de 4,6 milhões. De acordo com a pesquisa, na faixa etária entre 5 e 10 anos de idade, houve ampliação do hábito da leitura. Nas demais, principalmente a partir dos 14 anos diminuiu.
Os motivos desse distanciamento são vários. Minha opinião é que esbarramos na falta de tempo e na procura por informação e entretenimento mais imediatos, o que tem afastado as pessoas da leitura, principalmente literária, tendo em vista o tamanho das obras.
A falta desse interesse, no Brasil, atinge todas as classes sociais. Embora o esforço das famílias, escolas, faculdades e dos movimentos da sociedade civil, como o projeto coletivo Amigos da Leitura que promove ações para o incentivo à leitura, levando o livro aonde o povo está, numa menção à música Nos bailes da vida, de Fernando Brant e Milton Nascimento, temos avançado pouco nesse caminho.
Projetos como o do Lions Clube Lafaiete-Centro, “Livros devem circular”, apoiado pela Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete, LESMA, pela FDCL, e com o engajamento da Rede Família CL e da biblioteca Casa de Guimarães, criada pela escritora Cláudia Guimarães, além de necessários, tornam-se cada vez mais urgentes.
Importante ressaltar que em uma das perguntas utilizadas pela pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil” sobre o que faria o entrevistado frequentar mais a biblioteca foi justamente ela ser mais próxima de casa ou de fácil acesso.
Atitudes como a abertura de bibliotecas públicas nos finais de semana já seria um bom começo.
“É preciso juntar forças, pois os dados que a pesquisa revela são impactantes. Acho que a gente precisa fazer uma reflexão inclusive para avaliar o tamanho do desafio que temos pela frente, pois a leitura, todos nós sabemos, é uma ferramenta de acesso ao desenvolvimento pessoal e social. Possibilita a transformação das pessoas”, afiançou Zoara Failla, coordenadora da pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”.
João Pereira Coutinho, colunista da Folha de São Paulo, afirma que a vida é mais fácil quando lemos, e que há várias teorias para incentivar os leitores, mas saber que existem livros é uma verdadeira salvação no presente e uma promessa de futuro.
Com a pandemia do COVID-19, diante do nosso afastamento social e dos pontos de entretenimento cultural e artístico, além de ser o momento ideal para absorvermos o conteúdo dos livros, podemos também pensar estratégias para, quem sabe, proporcionar um novo normal para esse fim.
Fato é que precisamos nos empenhar no fomento ao hábito saudável de ler. A leitura nos torna mais reflexivos e além de tudo ainda mais humanos.
*Música: Livros – Caetano Veloso.
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