O historiador Paulo Henrique de Lima Pereira lançará o livro “Urzedo e a medicina no Brasil Imperial: o pioneirismo de um congonhense”. Nesta obra, produzida após longa pesquisa, o autor resgata a personalidade pouco lembrada do cirurgião Antônio Américo de Urzedo (1786-1863), um dos primeiros profissionais da medicina no Brasil, infelizmente totalmente desconhecido pela historiografia mineira.

Natural de Congonhas, histórica cidade mineira, Urzedo tinha dez anos quando Aleijadinho começou a esculpir em cedro as imagens da Paixão de Cristo. Estudou na localidade e ingressou no célebre colégio dos Osórios, no Sumidouro de Mariana. Tornou-se cirurgião dos Dragões de Vila Rica de Ouro Preto e atuou nos sertões mineiros. Entrou na escola de medicina criada por Dom João VI no Rio e teve papel expressivo na vida nacional, durante a independência, o turbulento reinado de Pedro I, a ascensão de Pedro II e a consolidação do Império.

Tenente-coronel cirurgião-mor do Exército Brasileiro, Urzedo trabalhou no Hospital Militar, na Santa Casa de Misericórdia e no Hospital dos Lázaros. Professor de Patologia Cirúrgica da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e membro fundador da Academia Imperial de Medicina, atual Academia Nacional de Medicina, foi ele o introdutor na mamadeira no Brasil, na época chamada “aleitamento artificial”. Dentre os seus pacientes atendeu personalidades como dom Pedro I e a imperatriz Leopoldina.

Além da saga de Urzedo, reveladora de um pioneirismo notável, Paulo Henrique ainda revela fatos pouco conhecidos pelos congonhenses como a visita do imperador dom Pedro I e da imperatriz dona Amélia ao Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em 1831.

         A apresentação da obra é assinada pelo ex-secretário de Cultura de Minas Gerais, Angelo Oswaldo de Araújo Santos, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) e da Academia Mineira de Letras (AML); prefácio de Ozório Couto, do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais (IHGMG) e da Academia de Letras João Guimarães Rosa da Polícia Militar de Minas Gerais; posfácio de Wolmar Olympio Nogueira Borges, membro da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafayette e do IHGMG;

SERVIÇO:

Data: 17 de agosto de 2019
Horário: 18h30
Local: Auditório da Câmara Municipal de Congonhas
(Rua Dr. Pacífico Homem Júnior, n. 82, Centro)
Preço especial de lançamento: R$ 30,00
Informações: (31) 98605-2859
paulohenriquedelima@hotmail.com

APRESENTAÇÃO ESCRITA POR ANGELO OSWALDO

Paulo Henrique de Lima Pereira é insaciável pesquisador. E tem fôlego incansável, quando se trata de levantar tudo que diga respeito a sua cidade ancestral, Congonhas, o legendário arraial de Nossa Senhora da Conceição das Congonhas do Campo. Ele vai ao Redondo, suspenso no morro da cruz de Feliciano Mendes, e desce até a Matriz, que agrega o casario esparramado na outra margem do rio Maranhão. Por toda parte, investiga dados históricos sobre a evolução do núcleo urbano no qual Antônio Francisco Lisboa, Aleijadinho, inscreveu sua obra máxima, ao esculpir os profetas em pedra sabão e a Via Crucis em cedro policromado por Manuel da Costa Ataíde.

Interessa, para ele, fundamentalmente, a legião de congonhenses que deixaram obra singular em Minas Gerais e no Brasil. Não há compartimentação de limites históricos e geográficos, datas ou temas. Tanto assim que lançou uma biografia do poeta Djalma Andrade (1894-1977), em que reúne informações preciosas sobre o famoso sonetista de “Ato de Caridade”, que arrancava lágrimas nos salões da belle-époque, e autor da História Alegre de Belo Horizonte, contada em trova e verso, por meio da qual se estendem em painel trechos trepidantes dos três primeiros quarteis da vida brasileira no século XX.

Em mais um mergulho no passado de Congonhas, Paulo Henrique resgata a personalidade pouco lembrada do cirurgião Antônio Américo de Urzedo (1786-1863), um dos primeiros profissionais da medicina no Brasil. Em meio à infinidade de ex-votos ligados à cura de enfermos pelo Senhor Bom Jesus de Matosinhos e por entre as histórias fabulosas das cirurgias do médium Zé Arigó, emerge o vulto do médico pioneiro.

Urzedo tinha dez anos quando Aleijadinho começou a esculpir a Paixão de Cristo. Estudou em Congonhas e ingressou num dos primeiros educandários de Minas Gerais, o célebre colégio dos Osórios, no Sumidouro de Mariana. Tornou-se cirurgião dos Dragões de Vila Rica de Ouro Preto e atuou nos sertões mineiros. Entrou na escola de medicina criada por Dom João VI no Rio e teve papel expressivo na vida nacional, durante a independência, o turbulento reinado de Pedro I, a ascensão de Pedro II e a consolidação do Império.

Como uma folha amarelecida encontrada entre as páginas de empoeirado alfarrábio, Antônio Américo Urzedo reaparece aos olhos curiosos do historiador, que lhe vai devolvendo, em lances de notável restaurador, a nitidez original do retrato de corpo inteiro. A releitura atenta permite a reinserção da personagem nos contextos do tempo. E Congonhas recupera mais um dos filhos que têm elevado o nome da Cidade dos Profetas, tornando-a berço de contribuições admiráveis ao crescimento cultural de Minas Gerais e do Brasil.

FRAGMENTOS DO PREFÁCIO ESCRITO POR OZÓRIO COUTO:

[…] E é nesse contexto que entra o historiador Paulo Henrique de Lima Pereira. Defensor ferrenho da historiografia brasileira. Apesar de muito jovem, se encontra à frente de seu tempo, debruçando-se na pesquisa com vontade de ver o país cantado nas escolas e falado na boca dos brasileiros com respeito o valor que o gigante americano merece.

O primeiro livro do jovem pesquisador foi um belo e auspicioso trabalho sobre o notável jornalista e poeta mineiro Djalma Andrade (1894/1977), natural de Congonhas do Campo. Agora, vem a lume Urzedo e a medicina no Brasil imperial, onde mescla parte da nossa história da colônia ao Brasil império, para falar um pouco da medicina, da Academia de Medicina e do famoso médico congonhense, Antônio Américo de Urzedo, um dos primeiros médicos formado no Brasil. Não teve muitas alternativas, mas foi a campo, mineirou, cavou, e o pouco que encontrou enriqueceu e muito não só a imperial Congonhas do Campo, cujo igreja do Senhor Bom de Matosinhos com os profetas do Aleijadinho e os Passos (Via Crucis), são patrimônios mundial, outorgados pela Unesco. Daqui a pouco sairá um trabalho sobre uma famosa cantora nacional, com pesquisa exaustiva, pela qual já fez amizades e entrevistas com várias personalidades da música popular brasileira, e ganhou espaço nos principais jornais do Rio e de São Paulo. […]

Paulo de Lima nos conta que “muitas vezes Urzedo examinava o paciente não porque este pedia, mas por espontaneamente ofertar a sua ajuda. Era, sobretudo, caridoso e prestativo. A distribuição de medicamentos gratuitos era prática comum. Recebera, inclusive, pela ação costumeira, um ofício de louvores do imperador dom Pedro I em 1831”. E outro trecho inusitado e admirável: “Ainda no início da década de 1830, Antônio Américo de Urzedo foi o protagonista da introdução de uma novidade no Brasil: as mamadeiras, que auxiliam as mães na amamentação e alimentação dos filhos”. Na sua pesquisa, a mamadeira era novidade na Inglaterra, onde foi inventada.

Paulo nasceu na Bahia e foi criado em Congonhas do Campo, sua terra natal por adoção. Lugar que lhe promove o amor e berço de suas pesquisas. Paulo é sensato, sabe separar os fatos, as épocas, analisa, contém, pesa, passa na peneira, enfim, é um historiador que não inventa, que não maquia, é responsável e criterioso. À par disso, ele cita o cauteloso e justo Jorge Lasmar: “Assim sendo, o erro de muitos historiadores é, justamente, o de julgar homens e acontecimentos do passado com os critérios de hoje”.

Cabe ao leitor ir mais além, ler, pensar, pensar, e pensar, ler. Ou seja, digerir com atenção as páginas deste livro que conta um pouco de nosso passado e nos traz à tona uma história real e permeada de valores éticos, morais, e para construção de um país melhor, consciência de personagens patrióticos e voltados para o bem comum, na ciência, nas artes, na literatura, no desenvolvimento econômico, nas relações sociais e no humanismo.

Leia sempre um bom livro. Leia este livro sobre o notável médico Antônio Américo de Urzedo. Como diz o ditado: “Ler é o melhor remédio”. Para tudo.

FRAGMENTOS DO POSFÁCIO ESCRITO POR WOLMAR OLYMPIO NOGUEIRA BORGES:

[…] “Desse modo, o trabalho do escritor Paulo Henrique, a exibir tropos literários singelos, retrata de forma lapidar a personalidade de Antônio Américo de Urzedo, e as digressões históricas sobre instantes significativos da História da Pátria que apresenta, aparentemente formais, judiciosas, deixam transparecer a preocupação do autor em realçar a pessoa do biografado ao situá-lo com proficiência no contexto, e mais do que isso, faz, por elevar-lhe na conta de lídimo representante de seu povo junto ao que de mais representativo existira no seu tempo. […] No caso presente, a biografia se destaca através de duas evidências: linguagem escrita e raciocino escudado em fontes históricas confiáveis – e procedimento analítico para julgamento a fim de torná-lo digno, e a compor, com imparcialidade, a paisagem cultural da sua terra natal costumeiramente revestida de aura mística. […] Isto posto, eis no livro o retrato do biografado aprimorado pela maestria do biógrafo; hosanas ao primeiro, encômios ao segundo!” […]

SOBRE O AUTOR:

Paulo Henrique de Lima Pereira nasceu em Jacobina, BA, a “Cidade do Ouro”. Reside desde pequeno em Congonhas, MG. Funcionário público municipal; estudante de História; membro da Academia de Ciências, Letras e Artes de Congonhas (ACLAC) e da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafayette (ACLCL).

Escreveu textos históricos e literários, publicados em livros e revistas. Autor da obra de referência Venenos adocicados: a trajetória do poeta e jornalista Djalma Andrade, 2016, elogiada pelos críticos como o historiador Fernando Jorge, um dos maiores biógrafos brasileiros: “Oxalá todos os venenos fossem como estes! Você é um prosador de mão cheia, pois escreve com clareza, firmeza, e elegância, talento. Afirmo: Paulo Henrique de Lima não é um arrombador de portas abertas, pois as suas pesquisas são inéditas e nunca divulgadoras de fatos conhecidos. Todos interessantes”.

Foi curador de diversas exposições, entre elas a “Dom Silvério Gomes Pimenta (1840/1922)”, em Congonhas, e “Dalva de Oliveira: 100 anos do mito”, no Rio de Janeiro, RJ.

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