Profa. Terezinha Barbosa de Assis

Prima querida! Se do outro lado em que te encontras, agora, se permite o uso do espelho, gostaria de que pudesses te ver.

No teu velório, aos meus olhos, fria, exânime, estavas vestida como uma rainha. Conjunto cinza prata. Botões de rosa branca te guarneciam a cabeça, coroando-te majestosamente.

A boca fechada, como se costurada o fosse, apresentava os lábios pintados com um batom rosa juvenil.

Confesso-te que não vi as tuas mãos. Mãos que rezavam, costuravam, lavavam, cozinhavam, cuidavam (cuidar é amar), compunham músicas e versos, que nos encantavam.

Em teu livro, teus versos nos revelam a razão de tua busca pelo perfeccionismo. E o conseguiste: letra linda, execução magistral de toda e qualquer música ao piano, pois transitavas da cozinha à sala com conhecimento invulgar e elegância.

Atingiste a perfeição em tudo o que fazias.
Tu te fizeste violeta, ao invés de rosa, por opção.
Mas, agora, és rainha. Não sofres mais.
Alcançastes as esferas divinas a que fizeste jus.

Orgulho-me de ser tua prima e de deixar registrado este sentir, que Camões perpetuou, em versos dedicados à Inês de Castro:

“Estavas linda, Inês, posta em sossego”…

Se pudesses te ver envolvida pelo véu da morte…

Estavas tranquila e soberana, pois já te encontravas no colo de Deus.

Em

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